O regresso após vários meses ausente do blog, não fui para fora, mas simplesmente procurei alguma paz de espírito longe deste “problema” enquanto fiquei a aguardar o desenrolar dos vários apelos efectuados a entidades que supostamente deveriam estar do lado dos cidadãos e não das empresas.
Os portugueses descendem de um povo corajoso e destemido que ousou partir para os descobrimentos desafiando o desconhecido. Este povo deixou a sua marca por vários cantos do mundo mostrando a sua bravura lutando contra tudo e contra todos em defesa da pátria e da liberdade.
Hoje em pleno século XXI interrogo-me sobre estes valores, o que aconteceu a este povo destemido?
A exposição aos campos electromagnéticos continuam a causar furor um pouco por todo o mundo, mas em Portugal é como se nada se passasse. Os portugueses continuam em suas casas, muitos ignorando por completo o problema, outros confiantes que a legislação em vigor os protege devidamente, outros ainda, desconfiados e com incertezas e por último os que vivem preocupados e se sentem afectados por eles. No entanto, excepto uma minúscula e desarticulada minoria, todos têm algo em comum, nada fazem para lutar pelos seus direitos e simplesmente consentem que “Alguém” os obrigue a viver em condições que são classificadas de risco por outros organismos internacionais que não temem ao levantar uma voz de alerta.
Depois dos vários contactos efectuados com o Parlamente Europeu, que até parecia estar sensibilizado para o problema, simplesmente comunicaram que face à situação reportada, a mesma se encontra dentro dos valores recomendados pelo ICNIRP. Valores esses que o próprio Parlamento Europeu já fez saber que deveriam ser revistos e que na realidade não são seguidos por todos os países da Europa.
Depois de contactar a Direcção Geral de Saúde reportando um conjunto de sintomas que afectam adultos e crianças que moram perto destas antenas, eles solicitaram uma medição à ANACOM e limitaram-se a reportar que os valores medidos estão dentro da lei.
Noutros países esta lei é simplesmente contestada e são estipulados valores de segurança muito, mas muito, abaixo dos praticados em Portugal. Paralelamente às leis, são também tomadas medidas de prevenção para alertar e educar a população a reduzir a sua exposição aos campos electromagnéticos.
Neste país, simplesmente não há pessoas de coragem que façam frente às empresas de comunicações móveis que conseguiram impor o seu negócio ignorando o impacto que o mesmo possa ter na vida dos seus cidadãos. Tal já aconteceu com as tabaqueiras e de pouco ou nada serviu para valorizar a vida humana.
Para todos aqueles que se queixam das crianças apresentarem atrasos no desenvolvimento cognitivo, dificuldades de aprendizagem, falta de concentração, problemas de memória, para os que reportam que sofrem de insónias e dores de cabeça a resposta deste País é que é impossível que a causa seja da exposição aos campos electromagnéticos porque Portugal protege os seus cidadãos com leis que apesar de obsoletas e consideradas perigosas noutros países, são simplesmente seguidas e consideradas seguras por todos os organismos do Estado Português, sem que as mesmas sejam contestadas.
Sofrer de Hipersensibilidade Electromagnética neste país é simplesmente dizer que essa pessoa sofre de problemas que poderão ter uma origem psíquica, enquanto outros países tendem a reconhecer esta doença e as suas devidas causas.
Neste País, aconselhar crianças a não usarem um telemóvel é considerado um sinal de fraqueza na ideologia de que a tecnologia é segura.
O Estado Português deveria reunir esforços para que as empresas de comunicações móveis tornassem a tecnologia mais segura para a nossa saúde e não criar condições para que estas empresas cresçam desprezando e camuflando por completo os eventuais efeitos nocivos que possam advir da sua utilização.
Este País necessita de políticos, médicos, advogados, engenheiros e qualquer e todo o cidadão destemido que ponha a sua saúde e a dos outros acima de qualquer interesse económico.
Enquanto as leis não mudarem não haverá solução para este problema.
2 comentários:
gostaria de saber se tem conhecimento que os telemóveis estão na origem do desaparecimento das abelhas, e se sim, se tem mais informação sobre este assunto tão importante, pois as abelhas são um dos grandes agentes responsáveis pela polinização. obrigado.
Este país necessita de tudo menos políticos e advogados.
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